domingo, 4 de julho de 2010

¡Hola, España!

Por Paula Paiva



Leonardo Nascimento, 20, voltou há três semanas de Madri e ainda está em fase de adaptação. Na Espanha fez amigos, sentiu saudades, trabalhou com jornalismo, mas também ganhou dinheiro passeando com cachorros. Se pudesse, ainda estaria lá.



1) O que te fez escolher a Espanha?

Desde o início o meu objetivo era a Europa. Com meu inglês "meia boca" eu sabia que iria me dar super bem em Londres, afinal, o que me falta em vocabulário me sobra em cara de pau. Mas nem Londres nem outras partes da Inglaterra estavam incluídas no pobre número de convênios da UFF. Mas ok, eu já falava bem espanhol. E Portugal sempre é uma opção (no meu caso uma opção a se descartar, já que se é pra fazer intercâmbio, que seja de língua também. ) A Espanha foi escolhida por eliminação - e por sorte, por muita sorte do destino. Madri, pela minha necessidade de viver em cidades grandes, em conglomerados urbanos (o que Madri de fato não é).

2) Quais foram os primeiros passos?

O primeiro passo foi cumprir com a burocracia exigida pela Espanha enquanto país e enquanto universidade (no meu caso a Rey Juan Carlos) e mais a burocracia da UFF. O segundo foi me desesperar pela pouca quantidade de dinheiro que eu tinha.

3) Qual foi o auxílio dado pela UFF?

Eu não paguei para estudar. É, infelizmente o auxílio que eu recebi só pode ser explicado, como,no máximo, em uma frase bem curta.

4) Como você encontrou moradia?

Soube de um aluno da UFF que estava por lá e acabei ficando na casa dele mesmo, dividindo apartamento com outros estudantes. Mas, pelo menos em Madri, existem ótimos sites para isso.

5) Ao chegar lá, quais foram as principais dificuldades?

Dificuldades? Economizar e conviver com a saudade. Além de problemas com a minha documentação na universidade (segundo eles não enviada pela UFF).

6) Como você conseguiu um emprego na sua área? Como foi essa experiência?

Foi muito complicado. A Espanha está mergulhada em um estado deplorável de desemprego. Eu procurei muito em sites de estágio e acabei encontrando uma agência de comunicação que tinha sócios em Portugal. Falar português foi o meu diferencial.
Foi uma experiência boa, de crescimento pessoal e profissional. Mas também fiz bicos, como passear com cachorros, entregar panfletos e bater palmas em programa de auditório.

7) Você cometeu alguma "gafe cultural"?

Gafe cultural? Talvez no Natal. Passei na casa de umas polonesas super interessantes que tinha conhecido uma semana antes numa festa, às cinco da manhã. Fiz um strogonoff de frango com meu "compañero de piso" para levar para ceia, mas na Polônia não se come frango no Natal. Acontece!

8) Quais as principais diferenças em relação a UFF?

Lá existe uma coisa chamada ESTRUTURA. Mas não existe vida acadêmica, participação estudantil, essas coisas. Em matérias teóricas eles deixam muito a desejar. Tenho amigos que estudaram na França e na Itália e dizem o mesmo.

9) Na hora de voltar, já estava com muitas saudades ou ficaria mais um tempo? Quanto?

Ficaria toda a minha vida, ou quase toda. A verdade é que viver longe de tudo tem suas fases. Sofri muito em alguns momentos. No fim não queria voltar. O meu maior sofrimento está sendo agora. Meu coração ainda está em Madri.

10) O que você aprendeu com o intercâmbio?

Aprendi que não existem limites espaciais para nada. Aprendi que o mundo é muito do que eu imaginava e nada do que eu imaginava. Aprendi que existem pessoas lindas espalhadas por aí. Mas existe gente muito suja também. Aprendi que se pode amar alguém que fez parte da sua vida por apenas nove meses. E que, às vezes, nove meses podem gritar mais dentro de você do que vinte anos.

11) Que dicas dá para quem pretende viajar?

Só tenho a dizer: vá. Sem medo de ser feliz. E, se puder, dê um pulinho no Marrocos.
O Marrocos é incrível! E, claro, Madri, Barcelona, Paris, Londres, Roma, etc. Prefiro não falar muito. Ainda estou em fase depressão pós intercâmbio.

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