segunda-feira, 5 de julho de 2010

Prost!


Por Luciano Ratamero

Erick Martins Ratamero tem 24 anos e foi estudante de engenharia de telecomunicações na UFF. Formou-se no fim de 2009 e já trabalha em uma das empresas mais prósperas do país, a Chemtech. Conseguiu seu intercâmbio de estudos para a Alemanha no meio de 2007, ficando até o meio de 2008. Ele é um dos poucos que não teve grande dificuldade para ir, e decidiu compartilhar conosco esta outra visão do intercâmbio.

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Erick, qual foi sua maior dificuldade para conseguir ir para o exterior?

A maior dificuldade foi a burocracia, principalmente para conseguir o visto. Por medo de imigração ilegal, a União Européia exige todo tipo de comprovantes de que você realmente está indo para estudar e tem dinheiro suficiente para se sustentar durante o período que estará por
lá.

Como foi recebido na Alemanha e como era a cultura local?

Claro que nem todo mundo nos tratava como "iguais" (o que de certa forma é natural), mas fui muito bem recebido por lá, principalmente pelas pessoas da universidade. Sempre procuravam nos ajudar e aconselhar quando necessário. A cultura local, obviamente, não era igual a nossa, mas deu pra notar que o "mundo ocidental", hoje, é bem homogêneo: em termos gerais, a vida por lá não é muito diferente daqui.

Você foi através da UFF com que tipo de bolsa? Como a obteve e de quanto era?

Fui com uma bolsa de intercâmbio bilateral, oferecida pelo estado de Baden-Württemberg, onde ficava a universidade onde estudei. Obtive através de um professor do departamento de Engenharia de Produção, que é o contato desta universidade aqui na UFF. Ele divulgou a oferta de 3 bolsas, fez uma breve seleção e indicou os três contemplados. A bolsa era de 400 euros, por 5 meses.

Onde você ficou morando quando foi para lá? Como era e quanto tempo ficou lá?

Fiquei morando em uma residência estudantil, administrada pela própria universidade, onde moravam cerca de 200 estudantes das 3 faculdades da cidade. Eu tinha um quarto individual e dividia uma pequena cozinha e um banheiro com um alemão, que morava no quarto ao lado. No prédio havia uma sala de convivência com TV e uma cozinha maior, lavanderia e
"academia" (uma sala com alguns halteres). Haviam ainda outros 3 prédios na mesma residência estudantil. Fiquei lá por um ano.

Foi difícil se organizar quanto aos estudos e matérias? E as aulas, eram elas ministradas em alemão?

Foi bem fácil organizar os estudos, as universidades na Alemanha não exigem que você se inscreva nas aulas, então o que eu fiz foi ir a todas as aulas na primeira semana e decidir quais eram interessantes e eu freqüentaria. O material didático, em geral, se baseava em
apostilas, que podem ser encomendadas pela internet e, em geral, são de graça. A universidade tinha uma ótima biblioteca, e cada departamento também tinha sua biblioteca com livros da área. Eu fiz aulas de um programa de mestrado para estudantes estrangeiros, então
as aulas eram em inglês. Apenas uma das matérias que eu resolvi fazer era, teoricamente, em alemão, mas como era um laboratório, foi possível convencer o assistente que me acompanhava durante as aulas a falar inglês, então não tive problemas quanto a isso.

Onde ou com quem você conseguiu as informações que precisava para poder fazer o intercâmbio? Foi difícil consegui-las?

Na verdade, as informações vieram a mim: recebi o e-mail da oferta de bolsas de um professor, me inscrevi, fui aprovado na seleção e, daí por diante, meu contato era direto com o escritório internacional da universidade na Alemanha, que sempre foi muito solícito e facilitou muito o processo.

Valeu a pena fazer este intercâmbio? Por quê?

Sim, vale muito a pena. Principalmente para áreas técnicas, todos os alunos sentem muita falta de aulas práticas, em laboratórios bem equipados, e lá eu tive a possibilidade de ter esse tipo de experiência, que realmente facilita muito o aprendizado. Além do aspecto acadêmico, a experiência de passar um ano em um ambiente completamente diferente, tendo que conviver com gente com diferentes visões de mundo, é muito enriquecedora.

Dê uma dica ou uma mensagem para quem quer ir para o exterior através da UFF:

Alguns professores funcionam como contato com universidades estrangeiras. Procure conversar com estes professores e descobrir sobre oportunidades, não é muito difícil conseguir uma vaga de intercâmbio, e com alguma sorte é possível até arranjar bolsas. É uma experiência única, vale a pena correr atrás.

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